A automutilação é classificada como um transtorno psiquiátrico com necessidade de constante atualização, visto que, seu conceito com o passar do tempo tem se transformado.
Assim, a automutilação é considerada um transtorno impulsivo não específico, ou sintoma de transtorno de personalidade como Borderline.
É também considerado um conceito mutável e algo muito obscuro, pois sua forma de apresentação foi mudando com o passar dos tempos.
Antigamente, o fato de colocar um piercing ou tatuar a pele, ou até mesmo rituais que provocam dor no corpo eram considerados automutilação.
Atualmente, o conceito mudou, e o que era considerado mutilação passou a fazer parte da cultura atual (Piercing e tatuagens).
Hoje, ao utilizar do uso de piercings e tatuagens apesar de gerar dor, não deve ser considerado como algo patológico.
Não podemos esquecer que, o fato de haver predominância da automutilação em maior grau em adolescentes, homens e mulheres na idade adulta também podem apresentar este comportamento.
Esse ato, embora não tenha relação com o suicídio, surge na mentalidade do adolescente que diz que, ao se automutilar é como se a dor que sente emocionalmente se esvaísse do seu corpo, porém o corte surge de forma estereotipada.
O fato de ser um ato repetitivo, por causar um alívio momentâneo leva o comportamento a repetir-se assim que surge o sentimento de angústia.
Essa repetição ocorre, até que esse adolescente tenha o controle das suas emoções.
Esse controle, é possível com o tratamento adequado, e quanto mais cedo for constatado menor será o prejuízo futuro.
E, é importante que todos os meios de comunicação atentem a população acerca dessa problemática que muito assolam nossos jovens.
Alguns estudos apontam que, esse transtorno tem início entre os 13 e 14 anos e pode persistir por um período de 10 a 15 anos.
Fatores de risco da automutilação
Os fatores de risco podem ser variáveis, são multifatores e podem ou não estar associada a algum transtorno de personalidade, como:
• Transtorno opositor desafiante
•Transtorno obsessivo compulsivo
• Esquizofrenia
• Ansiedade e depressão
• Conflitos familiares.
Esses adolescentes, podem apresentar esse comportamento devido ao sentimento de baixo autoestima, busca de atenção ou,uma forma de fugir da realidade.
Isto ocorre, por não aceitar as responsabilidades que surgem com a saída da infância para a adolescência.
Pois, na infância a criança é o centro de atenção, cercada de mimos e carinhos e sente como se acordasse e estivesse sozinha, tendo que adquirir novas habilidades. Habilidades estas que, na infância não eram necessárias e de repente tornam–se obrigação.
Porém, também pode ser gerado devido ao fato de ouvir de alguém que se mutilou e fez bem, então o adolescente pensa, “se fez bem para o outro, também vai fazer bem para mim”.
Pesquisas apontam que cerca de 20% dos adolescentes que se automutilam iniciam esse comportamento por imitação.
E mais, atualmente o comportamento de automutilação tem sido predominante sobre o uso de substâncias químicas.
No entanto, o comportamento de automutilação pode surgir também de forma impulsiva, sem intenção.
Por isso,é tão importante preparar estes indivíduos na infância para que o seu amadurecimento não seja tão desafiador e não cause tanta dor.
Percebe-se que, na sociedade atual ocorrem mais conflitos que há tempos atrás, um dos motivos são as relações matrimoniais que atualmente impulsionam os divórcios.
Pois, com a desestruturação familiar, o adolescente vivencia o luto de não ter mais o pai e a mãe por perto e assim desenvolve a automutilação.
Sabemos que, atualmente a sociedade em geral pelo excesso de informações tende ao adoecimento.
As pessoas tem o nível de estresse aumentado e as redes sociais influenciam o comportamento desse jovem.
É necessário que, os pais tenham a preocupação com o excesso de informações que a internet difunde, não somente em sites, mas principalmente nas redes sociais.
Existem grupos de WhatsApp e outras redes, que as pessoas trocam informações e mostram mais formas de causar esse sofrimento em forma de cicatrizes.
Fato é que, no momento do corte, ou qualquer ato que cause dor, o indivíduo se alivia pelo fato da dor ser mais intensa que a angústia.
É preciso estar atento aos indícios de auto mutilação. Os sinais de automutilação, podem estar presentes no uso frequente de blusas de mangas compridas, calças compridas, braceletes de pano. Tudo isso, pode servir de artifícios para esconder o ato de se automutilar.
Estes cortes tendem a ser executados em áreas como coxas, braços, antebraços, barriga, áreas que são mais fáceis de não serem expostas.
Prevenção da automutilação
Fica uma pergunta.
É possível evitar que o indivíduo desenvolva a automutilação?
Em primeiro lugar, devemos refletir acerca do que fazer para que esses jovens desenvolvam ações de enfrentamento.
Esses enfrentamentos são, ações voltadas aos obstáculos que aparecem na sua vivência, uma vez que não temos como poupar esse adolescente de lidar com dores e problemas.
Mas, é possível trabalhar com esse adolescente em casa e na escola para obter resiliência, habilidades sociais e emocionais para enfrentar situações como bullying, cyberbullying, perdas e frustrações.
Para isso, seus pais, educadores e todos os envolvidos nas relações interpessoais, devem estar atentos aos comportamentos deste jovem/adolescente, e disposto ao acolhimento.
A escola, necessita pensar em prevenção e em conjunto com toda equipe que faz parte do corpo de colaboradores da instituição.
De fato, são necessárias ações que busquem facilitar e incentivar a construção de estratégias de enfrentamento.
Esse enfrentamento, tem o intuito de promover reflexão e conscientização no indivíduo em sofrimento.
Além de, auxiliá-lo na resolução de conflitos sem que haja a dor em si ou no outro, tanto fisicamente, quanto emocionalmente.
Dessa forma, esse adolescente será capaz de encarar os desafios normais da sua existência.
6 Dicas de enfrentamento na automutilação
1. utilize técnicas de substituição
A técnica de substituição sugere ao indivíduo obter outra forma de dor.
Sabemos que, se colocar uma pedra de gelo debaixo de uma blusa obtemos dor, não vai machucar, mas pode desviar do corte e evitar algo pior.
Se a pessoa dizer que sente falta de ver o sangue se esvair, desenhar um corte com caneta vermelha pode funcionar, ou utilizar algo como se fosse um material cênico utilizado em teatro, para desviar do ato em si.
2. Libere o que está sentindo no papel – desviar o foco e conversar com seus pensamentos em forma de diário pode funcionar.
3. Distraia-se sempre que sentir vontade de automutilar, seja ouvindo uma música alegre, assistindo uma comédia, ou conversando com alguém que o faça se sentir bem. É recomendável, tirar o foco da automutilação.
O fato é que, a automutilação é, geralmente, uma maneira de se expressar ou lidar com uma angústia esmagadora ou aliviar uma tensão insuportável, isso às vezes, pode ser uma mistura de ambos.
A autoagressão também pode ser um grito de socorro.
4. Essa dica é direcionada aos pais, jogue fora ou esconda os itens que seu filho utiliza para se machucar, no caso de perceber a atitude de automutilação do filho.
5. Faça algo divertido ou relaxante a fim de descobrir seu potencial e aumentar sua autoestima. 6. Atrase a automutilação. – Adiar o ato de se automutilar pode ajudar, como quando você procrastina, faça isso com a auto mutilação, pense, agora não é o momento.
Quando algo ruim acontecer, pense também que, ao contrário de pensar no que não deu certo, pensar nas possibilidades, em todo aprendizado que pode surgir de tal situação, o que é positivo nisso.
Se te ajudar faça uma lista de pós e contras. E por fim, se de nada adiantar essas dicas busque ajuda profissional.
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